Uma série com depoimentos de jovens negras e negros de Niterói e São Gonçalo. Trata-se de vídeos diretos, cuja honestidade e intimidade nos ajudam a perceber parte da enorme riqueza humana e criativa que o mercado formal de trabalho desperdiça devido a um racismo estrutural que continua a excluir e discriminar.
#QualPerfil de quem está #NoCorre e não parou simplesmente porque a barreira social do preconceito racial não queria que seguisse em frente? Vamos conhecer um pouco da vida dessa galera cheia de vontade, afeto e criatividade!
Jenniffer da Silva, ou Negra Jey, é bailarina afro e trabalha com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. É Conselheira de Igualdade Racial no município de Niterói, Coordenadora de Juventude no Movimento Negro Unificado (MNU), e estudante de Serviço Social na UFF (profissão escolhida desde o 6 anos, cercada de afeto). Jennyfer entende e comenta sua atuação, seu corre, com grande paixão. Jennifer já começa sua fala comentando como sempre questionou o lugar ocupado pelo negro na sociedade.
Você sabia que, no município de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, 32,7% dos jovens entre 15 e 29 anos está desempregado, mais do que na Síria; em guerra civil. Já em São Gonçalo (município vizinho), 34,7% da juventude não tem emprego. Os dados são alarmantes e vão de encontro ao relato de Arthur. Veja a pesquisa “A incidência do racismo da empregabilidade da juventude negra“.
Ela conta como sua experiência é atravessada por já ter estado “dos dois lados da história”: enquanto moradora de rua e hoje como a pessoa que cuida, que pode levar afeto aos que ainda estão mais estreitamente à margem. “Três anos, quatro meses, 28 dias e 6 horas dentro de um abrigo. (…) Passei por um lugar aonde disseram pra mim que a minha vocação era limpar chão. (…) que eu nunca iria pra um lugar diferente disso”. E porquê estes lugares estariam destinados a Jenniffer?
Ela conta como sua experiência é atravessada por já ter estado “dos dois lados da história”: enquanto moradora de rua e hoje como a pessoa que cuida, que pode levar afeto aos que ainda estão mais estreitamente à margem. “Três anos, quatro meses, 28 dias e 6 horas dentro de um abrigo. (…) Passei por um lugar aonde disseram pra mim que a minha vocação era limpar chão. (…) que eu nunca iria pra um lugar diferente disso”. E porquê estes lugares estariam destinados a Jenniffer?
Ao entrar para a UFF, Jenniffer não utilizou o sistema de cotas, mas é categórica ao afirmar: “As cotas são uma vírgula dentro do que a sociedade precisa fazer pra que haja não só igualdade, mas também equidade”. Em um sistema que privilegia um grupo em detrimento de outro, as cotas são medidas emergenciais até que as disparidades no ensino sejam diminuídas.
Jeniffer finaliza seu relato da maneira mais sutil e delicada: “O meu corre, assim, eu resumo em amor. (…) Muito mais que você dar a garantia de direitos é você ter amor acima de tudo, mas é um amor de você ser é fazer a diferença, é que nós podemos ser agentes de transformação do nosso meio.”.