Ser mulher já é uma missão difícil em uma sociedade marcada por valores patriarcais e machistas, e ser mulher negra tem uma carga ainda mais complexa de dificuldades, acrescentada pelo racismo. Um dos campos de representatividade negra que passaram a ganhar espaço nos grandes meios nos últimos anos foi o de pensadoras negras. Filósofas, sociólogas, feministas e toda gama de mulheres negras que tenham uma mensagem a passar sobre sua vivência e sobre sociedade, sempre existiram, mas hoje suas vozes alcançam muito mais gente. O exemplo dessas mulheres é muito importante para as novas gerações se verem representadas em espaços, que até bem pouco tempo atrás, não eram tão facilmente ocupado.
Aqui no Brasil, uma grande voz que surgiu nos últimos anos foi a filósofa Djamila Ribeiro, que foi a pessoa que popularizou a expressão “lugar de fala”. Ao contrário de outras intelectuais, Djamila conseguiu adentrar espaços que outras mulheres negras não tinham alcance, como em programas da Globo, levando o debate racial ao grandes público.
Sueli Carneiro começou a trabalhar com militância década na década de 80, quando quando fundou a ONG Geledés – Instituto da Mulher Negra. A ONG tem sua atuação voltada para combater o racismo e o sexismo. Além de sua militância na ONG, Sueli é formada em Filosofia, pela USP, e tem uma carreira na área acadêmica, sendo uma referência na área de feminismo negro.
Conceição Evaristo tem uma carreira bem sucedida como escritora, tendo recebido um Prêmio Jabuti em 2015, e também no meio acadêmico, onde tem mestrado pela PUC-Rio e doutorado pela UFF. Embora tenha iniciado sua carreira como escritora em 1990, Conceição, ganhou projeção na mídia nos anos 2017 e 2018. Em 2017, foi tema da Ocupação Itaú Cultural. Já em 2018, Conceição teve uma grande campanha para ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, e embora tenha sido uma campanha com grande repercussão, quem acabou eleito para ocupar a cadeira foi o cineasta Cacá Diegues.
Angela Davis é um dos principais nomes quando é discutido a condição da mulher negra na sociedade norte-americana. Considerada um ícone pela sua militância contra a segregação racial nos EUA, Angela é uma filósofa que foi militante dos Panteras Negras, e ficou famosa graças a campanha que foi feita pela sua libertação, por uma suposta participação em um crime que estavam envolvidos outros integrantes da organização. Angela chegou a integrar a lista de mais procurados do FBI, e a campanha para sua libertação ganhou vozes importantes como John Lennon e Yoko Ono. Sua obra literária é de grande importância para entender o papel da mulher negra na sociedade estadunidense. Em 2013, foi produzido um documentário sobre a sua prisão, chamado Libertem Angela Davis.
Chimamanda Ngozi Adichie é uma escritora nigeriana que é uma das de maiores sucesso e popularidade, no que diz respeito à feminismo negro. Seu nome ganhou notoriedade no grande público após a cantora Beyoncé, usar um trecho de sua fala em uma palestra na música “Flawless”. Chimamanda iniciou sua carreira em 2003, e já teve sua obra traduzida para mais de 30 idiomas. Seus livros, Sejamos Todas Feministas e Para Educar Crianças Feministas – Um Manifesto, fizeram bastante sucesso e ficaram em listas de mais vendidos.
O Grupo de Estudos e Pesquisas Intelectuais Negras foi criado em 2014 por Giovana Xavier e surgiu do desejo de congregar mulheres negras de diferentes áreas para construção de uma rede feminista negra engajada na produção de conhecimentos e promoção de ações com foco em comunidades negras, suas experiências e histórias. A partir do encontro, surge “Intelectuais Negras Visíveis”,publicação que apresenta o primeiro balanço de uma pesquisa composta por cento e cinquenta e três profissionais negras atuantes em campos variados nas cinco regiões do país.