por Camilo Rocha do NEXO(*)
A cada dez jovens que se suicidam no Brasil, seis são negros. O dado, de 2016, está em um levantamento do Ministério da Saúde e da UnB (Universidade de Brasília), divulgado no início de 2019. Entre 2012 e 2016, a taxa de pessoas brancas entre 10 e 29 anos que tirou a própria vida permaneceu a mesma. Já entre jovens e adolescentes negros ela subiu, de 4,88 mortes a cada 100 mil, em 2012, para 5,88, quatro anos depois.
“Um dos grupos vulneráveis mais afetados pelo suicídio são os jovens e sobretudo os jovens negros, devido principalmente ao preconceito e à discriminação racial e ao racismo institucional”, afirma o estudo, baseado no Sistema de Informação sobre Mortalidade.
No Brasil, como nos Estados Unidos, há um movimento crescente que reivindica o reconhecimento do preconceito e da discriminação racial como importantes causadores de problemas psíquicos.
Trabalhos acadêmicos e profissionais da psicologia listam consequências como depressão, estresse e baixa autoestima entre os problemas sofridos por quem é vítima constante não só da agressão racista aberta, mas de uma estrutura social e cultural em que o negro frequentemente aparece inferiorizado e humilhado.
Em um trabalho de 2011, os psicólogos André Faro e Marcos Emanoel Pereira apresentam a desigualdade entre brancos e negros como “um poderoso fator na causação de iniquidades em saúde, o que fomenta disparidades em relação à prevalência de estresse”.
Os números deixam evidente a desigualdade entre raças no país. Veja o que diz a pesquisa Pnad Continua de 2017:
- A renda média do trabalho é de R$ 1.570 para negros, R$ 1.606 para pardos e R$ 2.814 para brancos
- O desemprego é mais alto para pretos (14,6%) do que para brancos (11,9%). Pardos ficam em 13,8%
- A taxa de anafabetismo para brancos (4,2%) é cerca de metade da registrada para pretos e pardos (9,9%)
- Ensino superior: brancos com mais de 25 que terminaram a universidade são 22,9%. Pretos e pardos são 9,3%
O Nexo procurou dois psicólogos com estudo e trabalho ligados à questão de problemas psíquicos e relações raciais para falar sobre o tema. Segundo eles, o problema está longe de ser tratado com a atenção que merece, pelo sistema de saúde pública, pelos cursos de formação e pelos profissionais da área. Confira a entrevista completa aqui.
A Pesquisa RACISMO EMPREGO e JUVENTUDE em Niterói e São Gonçalo (BemTv / UFRJ/U.E.) traz dados referentes ao impacto desta realidade no mercado de trabalho. Acesse e entenda o que levou um conjunto de mais de 35 organizações da sociedade civil a se mobilizarem em torno das campanhas #QualPerfil e [r+H] recursos Mais Humanos.
Fonte: Jornal Nexo