Enquanto a pandemia prossegue, a gente busca possibilidades de refrescar a cabeça sem sair de casa. A QP já sugeriu 14 filmes antirracistas. Mas agora apresentamos vocês uma relação de livros que vão te guiar em novas reflexões sobre o racismo, enquanto você toma sol no quintal, na laje, ou naqueles minutos de descanso na cama ou no sofá. Portanto, destacamos 10 obras de autoras negras. Tem romance histórico, ensaio sociológico, poesia, suspense… Além disso há autoras brasileiras e estrangeiras. Enfim, seja qual for a sua praia, tem uma sugestão aqui perfeita pra você. Pesquisamos em plataformas online os preços de cada título e divulgamos aqui o link do preço mais baixo que encontramos.
A Mulher de Pés Descalços
Autora: Scholastique Mukasonga – Romance Autobiográfico – R$34,00 na Amazon – Editora Nós
Scholastique Mukasonga é uma escritora tutsi de Ruanda, nascida em 1956. Ela sobreviveu aos massacres ocorridos em sua terra natal na década de 1990, e hoje vive na França. “A Mulher de Pés Descalços” é uma obra em memória de sua mãe, Stefania, assassinada durante a guerra civil, mas jamais sepultada. Ela narra o dia a dia dos refugiados no período imediatamente anterior aos conflitos, com ênfase para as pequenas alegrias.
Olhos d’Água
Autora: Conceição Evaristo – Contos – R$21,00 na Estante Virtual Editora Pallas
Desigualdade social é um tema comum na literatura brasileira. Porém, na maioria das vezes, são homens, principalmente brancos que abordam o tema. Mas uma das autoras que quebram esse padrão é Conceição Evaristo que, em 2018, perdeu para Cacá Diegues uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL). Em Olhos d’água, lançado em 2014, a escritora reúne 15 contos sobre a violência que atinge as mulheres negras. O conto que dá o título ao livro é narrado por uma das sete filhas de mulher negra e pobre que faz sacrifícios pelos filhos, sem, no entanto, jamais cair no tom piegas.
Eu Tituba, Bruxa Negra de Salém
Autora: Maryse Condé – Romance Histórico – R$37,88 no Carrefour – Editora Rosa dos Tempos
A história das “Bruxas de Salem”, já virou livro, peça de teatro e até um filme hollywoodiano estrelado por Winona Ryder. Trata-se de um caso de caça às bruxas que aconteceu em 1692, em Massachussets, nos EUA. Levou mais de 150 pessoas para a cadeia, e 25 para a forca. Mas o que pouca gente sabe é que uma das primeiras acusadas foi uma escravizada negra chamada Tituba. No livro a autora resgatade forma romanceada, a história, a história de Tituba que não morreu queimada como bruxa, mas tampouco escapou da miséria.
Kindred – Laços de Sangue
Autora: Octavia E. Butler – Suspense e Ficção Científica – R$25,47 no Ponto Frio – Editora Morro Branco
Em seu vigésimo sexto aniversário, Dana e seu marido estão de mudança para um novo apartamento. Então, de repente, ela fica tonta, cai de joelhos e o mundo se despedaça. Ao abrir os olhos está no século XIX, à beira de uma floresta. Dana é negra, portanto logo é escravizada em uma fazenda próxima, e passa a viver na pele os horrores sobre os quais apenas ouvira falar. Assim é Kindred: obra da “grande dama da ficção científica” estadunidense. É literatura antirracista que também diverte.
Fome
Autora: Roxane Gay – Autobiografia – R$10,00 (usado) na Estante Virtual – Globo Livros.
Aqui um exemplar contundente de literatura antirracista. A autora conta como, após sofrer abuso sexual aos 12 anos, passou a utilizar o próprio corpo como um esconderijo para seus medos. Dessa forma, comer compulsivamente serviu para afastar os olhares alheios sobre um corpo que ela mesma rejeitava. Mas que fique claro: o livro não é uma história de perda de peso, nem um livro de autoajuda.
Mulheres, Raça e Classe
Autora: Angela Davis – Ensaio – R$R$31,49 (usado) no Enjoei Editora Boitempo.
Publicado em 1981, esse livro se converteu em uma referência para pensar a dinâmica da exclusão nas sociedades capitalistas. A obra resgata as origens e interações entre as lutas feministas e anti-racistas nos Estados Unidos. Entre outras coisas, entendemos como, surpreendentemente, o movimento das sufragistas barrou em alguns momenos o avanço da luta anti-racista. É leitura obrigatória. Além disso, é uma oportunidade de contato com o discurso de Angela Davis.
Quarto de Despejo
Autora: Carolina Maria de Jesus – Ensaio – R$29,90 na Estante Virtual – Editora Ática
Por que o nome “Quarto de Despejo”? Para a autora “a favela é o quarto de despejo da cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos”. (Quarto de despejo, portanto, é aquele quartinho de bagunça que muita gente tem em casa). Carolina Maria de Jesus (1914-1977) morava na Favela do Canindé, na Zona norte de São Paulo. Ela trabalhava como catadora de lixo, e, por isso, encontrava vários cadernos que usava para registrar registrava o cotidiano da sua comunidade. Pois bem: seus relatos foram descobertos na segunda metade dos anos 1950 e deram origem ao livro “Quarto de Despejo” em 1960. A obra foi traduzida para 13 idiomas e vendida em mais de 40 países. Mesmo assim Carolina morreu pobre e em relativo ostracismo).
Úrsula
Autora: Maria Firmina dos Reis – Romance – R$19,90 no Mercado Livre. Acessível gratuitamente em facebook/suplementopernambuco
Quem é Maria Firmina dos Reis? Pois é ninguém mais ninguém menos que a primeira romancista brasileira. Além de ter sido uma das primeiras escritoras brasileiras, foi, sem dúvida, a primeira mulher negra a publicar. Pioneira da literatura antirracista, ela nasceu no Maranhão em 1825 e morreu aos 92 anos. O primeiro romance foi Úrsula: uma história cheia de triângulos amorosos, típica do século XIX, mas com todos os personagens negros. Maria Firmina, que era professora, fundou a primeira escola mista do Brasil na cidade de Guimarães, no Maranhão. Além disso, compôs o hino da abolição da Escravatura.
Negra, Nua e Crua
Autora: Mel Duarte – Poesia – R$20,00 na Estante Virtual
“Negra Nua Crua” é o segundo livro da poeta paulista Mel Duarte. Em versos ela retrata as inquietações, sensações, angústias e prazeres da vida, mas pela ótica de uma mulher negra. A obra é dividida em três capítulos que dão título ao trabalho. Em “Negra”, a autora problematiza questões raciais. Em “Nua” trata de desejos, sensações e prazeres. Por fim, em “Crua”, o lado combativo da poeta se revela: “Verdade Seja Dita.Você que não mova sua pica para impor respeito a mim./ Seu discurso machista, machuca/ E a cada palavra falha”. Uma jóia da literatura antirracista.
As Lendas de Dandara
Autora: Jarid Arraes – Romance Histórico – R$30,32 no Submarino
O livro começa com uma declaração da autora: “embora muitas pessoas até ouçam falar de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares e homenageado em 20 de novembro, Dandara ainda permanece esquecida e ignorada”. Pois é essa invisibilidade de Jarid Arraes tenta superar com seu livro. É importante salientar que há fantasia na narrativa, mas 100% baseada em fatos reais. Além disso, o estilo se aproxima da literatura de cordel.