A composição étnica do Brasil é feita, segundo o IBGE, por pretos, pardos e brancos, mas na composição estrutural de participação educacional e mercadológica, os pretos e pardos são deixados de lado. Indicadores ligados às condições sociais dessas populações colocam em evidência o motivo dessa falta de inserção, o mapa de violência de 2018 , estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, por exemplo, mostrou que a taxa de homicídios de pretos e pardos foi de 40,2 por 100 mil habitantes, enquanto a de não negros foi de 16 – menos da metade.
Em relação ao mercado tecnológico, dados de 2016 do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que, 92% dos trabalhadores na área de engenharia de equipamento em computação são brancos, o que reforça o abismo racial que existe no país. Como a ausência de negros trabalhando em tecnologia acaba, consequentemente, ocasionando impactos nos produtos e serviços criados.
Esses impactos podem ser vistos desde o âmbito da programação a sua usabilidade, sendo exemplos disso o caso da saboneteira automática que não identificava peles negras, porque o seu sistema de reconhecimento só havia sido testado em peles claras, ou o caso do programa da justiça norte-americana que, baseado em seu banco de dados, concluiu que pessoas negras têm o dobro de chance de cometer um crime, agindo como se isso fosse uma regra, além do caso da depilação a laser que só consegue reconhecer as peles claras, não diferenciando a pigmentação do pelo da pele negra.
Esses casos possuem a mesma origem: a falta de testes por uma gama mais diversa de indivíduos na sua confecção. O fato dos tons de peles não abrangerem a diversidade social faz com que haja a falta de representatividade nas invenções tecnológicas e assim gerando, em alguns casos, constrangimentos em parte da população. Essa falta de representatividade está diretamente relacionado com os fatores sociais que a população negra possui, desde a dificuldade de acesso ao ensino superior á falta de qualidade de vida.
Com o sucateamento do ensino público, através da retirada de verbas para das faculdades federais, e no extermínio da população negra e pobre, através da padronização do censo da marginalização do negro, a população não consegue a inserção justa no ensino de base e consequentemente no ensino superior para alcançar o mercado de trabalho. Dessa forma, é preciso que lutemos por políticas de formação para essa população que necessita de mudanças na atuação delas nos mercados e na sua inserção em outros como o mercado tecnológico, possibilitando assim a tão sonhada inclusão feita em todas as esferas da sociedade.