Prepara a pipoca: 14 Filmes para o Debate Antirracista foram selecionados pela Qual Perfil.
Em tempos de quarentena, televisão e internet viram programa certo no fim de semana. Que tal a gente aproveitar essas horinhas para fortalecer o movimento e construir conhecimento? (Até rimou). Se a diversão vier junto, melhor ainda. Por isso a Qual Perfil selecionou uma série de 14 filmes para o debate antirracista.
A ordem em que eles são apresentados não indica qualquer hierarquia, pois os filmes foram organizados pela data de produção, do mais antigo ao mais recente. Todos valem muito a pena. Tem ficção e documentário, comédia e drama, curta e longa metragem, filme e série.
1. Boyz n the Hood (1991)
Drama / 112 min – dirigido por John Singleton, o filme ganhou o Oscar de melhor direção e de melhor roteiro original (também para Singleton). Conta a história de três jovens negros, de diferentes perfis, que vivem no subúrbio de Los Angeles. O filme aborda o racismo estrutural, sem, no entanto, escorregar para o “piegas”.
Disponível na Netflix
2. Filhas do Vento (2007)
Drama / 85 min – Dirigido por Joel Zito Araújo, o filme conta a história de duas irmãs: Cida (Thaís Araújo) e Ju (Thalma de Freitas). As duas vivem com o pai, Zé das Bicicletas (Milton Gonçalves). Quando ainda são jovens, o pai acusa Cida de estar envolvida com o namorado da irmã. Magoada, ela vai para o Rio de Janeiro, onde se torna atriz. Depois disso, as duas irmãs ficam 40 anos sem se ver. Quando Zé das Bicicletas morre, no entanto, Cida retorna à cidade natal e tenta acertar as contas com a irmã. Mas, décadas de ressentimento rendem muito conflito.
Disponível no Now
3. Bróder
Suspense e Aventura / 90 min – Macu (Caio Blat), Jaiminho (Jonathan Haagensen) e Pibe (Sílvio Guindane) são amigos de infância. Eles seguiram caminhos distintos. No aniversário de Macu, sua mãe (Cássia Kiss) organiza uma festa surpresa para reunir os três amigos. Mas, em meio à alegria pelo reencontro, eles esbarram na realidade violenta do entorno. O filme foge dos estereótipos. Aliás, o envolvido com o tráfico, é o personagem (branco) do Caio Blat. Direção de Jeferson De.
Disponível no Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=C_NTlqLbGKg)
4. Eu Não Sou seu Negro (2016)
Documentário / 93 min – Dirigido por Raoul Peck, o roteiro tem como ponto de partida um depoimento de James Baldwin, importante personagem da luta estado-unidense pelos direitos civis. O filme traz o histórico do movimento negro nos Estados Unidos, incluindo seu início com Malcolm X e Martin Luther King. Além disso, descreve a experiência moderna do movimento nesse país.
Disponível na Globoplay
5. Preto Favelado, Escravo Fujão (2016)
Drama / 13 min – (A gente não ia perder essa oportunidade!) O vídeo é uma produção de jovens periféricos de São Gonçalo. Ele foi realizado durante uma oficina de audiovisual do Projeto Olho Vivo, da Bem TV. É um ficção que conta a história de um jovem favelado nos dias de hoje. Mas a grande sacada é que todo o tempo essa história é comparada com a realidade dos negros escravizados no passado brasileiro.
Disponível no Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=KeoTORcLSns)
6. O Caso do Homem Errado (2017)
Documentário / 76 min – Júlio César de Melo Pinto, um operário negro, foi executado em Porto Alegre pela Polícia Militar, nos anos 1980. A história do jovem é contada através de depoimentos. Entre eles o de Ronaldo Bernardi, o fotógrafo que fez as imagens que tornaram o caso conhecido. Além disso, também é dada a palavra à viúva do operário, Juçara Pinto. E ainda tem as falas de nomes importantes do movimento negro no Brasil. Direção de Camila de Moraes.
Disponível na Globoplay
7. Slam – Voz de Levante (2017)
Documentário / 104 min – Dirigido pela dupla Roberta Estreladalva e Tatiana Lohmann. O documentário mergulha no universo das Poetry Slams, batalhas de rima que atraem poetas e amantes da poesia de todas as classes sociais, estilos, cor e orientação sexual. A produção ainda viaja para os Estados Unidos, onde nasceu o jogo de criação que se expande rapidamente em todo o mundo.
Disponível na plataforma Filme Filme (https://filmefilme.com.br/)
8. Corra! (2017)
Terror / 104 min – Com direção de Jordan Peele, o thriler gira em torno de um casal interracial formado por Chris (Daniel Kaluuya), e Rose (Allison Williams), uma garota branca de família tradicional. Os dois aproveitam um final de semana para viajar ao interior a fim de que o sujeito seja apresentado à família dela. Mas Chris tem que lidar com uma série de situações tensas envolvendo as pessoas que conhece nessa experiência.
Disponível no Now
9. Infiltrado na Klan (2018)
Comédia / 135 min – dirigido por Spike Lee, ícone do cinema afro-estadunidense, que sempre abordou a temática racial e seus filmes. No hilário Infiltrado na Klan, conhecemos a história de Ron Stallworth (John David Washington), um policial que conseguiu se infiltrar em um grupo da Ku Klux Klan, mesmo sendo negro. Ele se comunica com a Klan por meio de cartas e telefonemas. Mas quando precisa aparecer fisicamente em encontros, envia outro policial branco em seu lugar. Em paralelo o filme mostra um pouco a história dos Panteras Negras (ainda que romantizada).
Disponível no Amazon Prime Video e NOW.
10. Pantera Negra (2018)
Aventura / 134 min – O primeiro filme solo do único herói negro da Marvel não poderia ficar de fora da lista de 14 Filmes para o Debate Antirracista. Na história, T’Challa (Chadwick Boseman), assume a coroa de Wakanda após a morte do pai. No entanto, apesar do diretor ser negro (Ryan Coogler), e toda a equipe também ser negra, o filme escorrega. O único vilão é o negro: Erik Killmonger (Michael B. Jordan). Criado na periferia de uma cidade estadunidense, ele é justamente o cara que questiona o colonialismo. Mas é taxado de violento. Ainda assim, não resta dúvida que é um filme importante. (E, não dá pra negar, é divertido também).
Disponível no Disney Plus
11. Olhos que Condenam (2019)
Drama / 296 min (4 episódios de aproximadamente 70 min) – Esse é para quem gosta de séries, mas também para quem não gosta tanto assim. É que, na verdade, “Olhos que Condenam” é uma “minissérie” com quatro episódios. A direção é de Ava DuVernay, uma negra entre as mais recentes revelações da indústria audiovisual estadunidense. Baseada em fatos reais, a série narra o caso dos Central Park Five. Em 1989, cinco adolescentes negros foram injustamente acusados pelo espancamento e estupro de uma mulher branca no Central Park. Eles passaram de cinco a 12 anos atrás das grades. Além da pipoca, separa o lencinho. É daqueles de fazer chorar.
Disponível na Netflix
12. AmarElo: É tudo para ontem (2021)
Documentário / 89 min – O rapper Emicida dispensa apresentações. No documentário, ele usa um show no Teatro Municipal de São Paulo como ponto de partida para várias reflexões. Com depoimentos, o filme resgata a história do movimento negro no Brasil. Além disso, “passeia” por acontecimentos importantes como a escravidão, a imigração dos europeus, a gentrificação das grandes cidades, o surgimento das periferias, o samba, a cultura hip hop e a emancipação na era digital. Como não poderia deixar de ser, o documentário tem muuuuuita música (boa).
Disponível na Netflix
13. Destacamento Blood (2020)
Comédia e Aventura / 155 min – Mais uma opção para os fãs de Chadwick Boseman (Pantera Negra). Também dirigido por Spike Lee, esse filme traz o ator em seu penúltimo papel no cinema, antes de perder a luta contra ocâncer. O filme conta a história de quatro veteranos de guerra afro-americanos que voltam ao Vietnã a procura dos restos mortais do seu comandante. Além disso, buscam um tesouro enterrado e respostas para seus conflitos pessoais.
Disponível no Netflix.
14. Amefricanidade
Documentário / 26 min – Fechando a lista de 14 Filmes para o Debate Antirracista, temos o documentário produzido pelo Canal Saúde da Fundação Oswaldo Cruz. Em 30 minutos o vídeo conta um pouco da história da antropóloga Lélia Gonzalez. (A Qual Perfil já falou sobre ela aqui). Apesar de não ser o tema principal, o vídeo dá muito destaque ao conceito de “Amefricanidade”, proposto pela cientista que foi uma figura ativa do movimento negro no Brasil.
Disponível no site do Canal Saúde https://www.canalsaude.fiocruz.br/canal/videoAberto/amefricanidade-doc-cs30-0006
